A SEDUÇÃO DO PODER

Nada há de mais sedutor do que o poder, para muita gente.  Ele modifica a pessoa de tal maneira que a torna irreconhecível; transforma hábitos, comportamentos, maneiras e atitudes.

É célebre a frase que diz que o poder é afrodisíaco. Transforma uma pessoa acabrunhada numa pessoa desenvolta, envolvente e, por incrível que pareça, também sedutora para o mundo feminino.

Um conhecido político, que já havia ganho tantas pelejas eleitorais, perdeu uma eleição e ficou sem mandato. Entrevistado, disse que se sentia amargurado, triste, abandonado. Sentia a falta das pessoas que o cercavam, das atenções que lhe dispensavam, dos elogios, das demonstrações de carinho, etc.  A perda do mandato foi a perda de uma parte de si mesmo.

É preciso que a pessoa possua muita personalidade para não se deixar envolver por tudo isso. São raros os que não se deixam empolgar pelo poder.

Um conhecido meu me confidenciou que era muito amigo de um determinado cidadão que venceu na política, se elegeu parlamentar e se transformou, depois, em Ministro. Certa vez, ao encontrá-lo, tratou-o com a intimidade que os irmanava, chamando-o pelo nome. Foi repreendido: você esqueceu que agora eu sou Ministro?

Tudo na vida é passageiro. Ninguém vai ficar para semente neste mundo de meu Deus. A glória é fugaz. O poder é fugaz. A vida é fugaz. Todos os considerados grandes viraram pó.

Lembro-me bem do que disse, certa feita,  o douto  advogado, meu amigo, dr. Carlos de Araújo Lima, já falecido: nós devíamos visitar o cemitério com frequência, para melhor conhecermos o lugar para onde definitivamente iremos.

O ROTARY CLUB DO RIO DE JANEIRO

Caminha muito bem, apesar da pandemia, a administração do prezado companheiro Raphael Barreto à frente do Rotary Club do Rio de Janeiro, levando-se em conta o trabalho que vem realizando em prol dos ideais rotários, de ótimo companheirismo.

O Rotary, em verdade, é companheirismo. Nasceu do idealismo de Paul Harris e se disseminou no mundo todo, irradiando uma obra benfazeja que toca de perto a rotarianos e não rotarianos, todos desejando um mundo melhor, com menos dificuldades, mais paz e amizade entre os homens de boa vontade.

O Rotary Club do Rio de Janeiro, o primeiro fundado em nosso país, é uma amostra do que faz um clube rotário. As suas reuniões plenárias, apesar de, no momento, serem realizadas através de videoconferências, são uma verdadeira lição de cultura, com a presença de bons conferencistas abordando os mais palpitantes temas da atualidade, seja no campo da ecologia, do direito, da medicina, da engenharia, das atividades empresariais, etc, num companheirismo digno de aplausos.

O Presidente Raphael Barreto vem empreendendo, assim, até agora, sem a menor sombra de dúvida, uma administração eficiente, contando com o decidido apoio de sua equipe de trabalho que se tem desdobrado, e muito, para levar avante o Plano de Metas elaborado para o período 2020/2021.  

Ao companheiro Raphael Barreto e à sua equipe, parabenizações e a certeza de que realizarão um trabalho fecundo em prol dos ideais rotários.

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OS EQUILIBRISTAS

Sempre fui um admirador dos equilibristas. Daqueles que arriscam a vida para, como vulgarmente se diz, ganhar a vida. São pessoas de desmedida coragem,  de desprendimento a toda prova, de valor incontestável.

Quando criança, eu ficava cheio de alegria quando comparecia a um espetáculo circense para ver as acrobacias incríveis levadas a efeito, principalmente, pelos que se equilibravam em fios de aço, pelos trapezistas e pelos que enfrentavam o chamado “globo da morte”.

Lembro-me bem dos circos que apareciam de quando em vez em minha terra natal, Manaus. Eu comparecia aos espetáculos com uma assiduidade espantosa, porque era um apaixonado pelo trabalho dos acrobatas.

O esforço dos equilibristas é verdadeiramente notável. Tais profissionais inspiram confiança, destemor, arrojo, e mostram como é difícil ganhar a vida. Mas realizam o seu mister, conscientes de que estão fazendo algo de extraordinário, mesmo porque se constituem no centro das atenções dos espectadores que acompanham, com sofreguidão, com aflição, todos os lances arriscados de sua árdua tarefa.

Não raro os que assim agem pagam com a vida a sua audácia. Há algum tempo, os jornais noticiaram a façanha de um antigo artista espanhol que, apesar do peso da idade, resolvera apresentar o último espetáculo de sua fascinante carreira. E foi, com efeito, a derradeira apresentação de sua vida, posto que encontrara a morte ao perder o equilíbrio e despencar-se de uma colossal altura.

Outros, com mais sorte, chegam a se aposentar na profissão, e é com muita lamúria que se despedem do público, porque nasceram para as grandes aventuras, para sacudir as platéias, para causar estranhas sensações às pessoas que os assistem.

O carisma dos equilibristas é tão grande, a confiança que inspiram é tão contagiante, que pessoas há que se arriscam juntamente com eles. Foi o caso de um jovem que, acedendo a um convite, ficou sobre os ombros de um homem que atravessou em um cabo de aço as cataratas do Niágara. A sincronia dos movimentos do herói e do jovem (também de qualidades heróicas) permitiu essa façanha admirável que causou estupefação a todos quantos a presenciaram. Mas o que mais propiciou o êxito do empreendimento foi a confiança que o jovem depositou no artista, não descrendo, um instante sequer, de seus atributos, de sua força interior, de sua inexcedível perícia. E, assim, ambos puderam contar a história da grande aventura.

E os equilibristas da política, da administração pública? Ah, estes são os opostos daqueles! Realizam um triste papel, deprimente, na luta pelas posições, afastando todos os que lhes possam fazer sombra, engendrando toda sorte de intrigas, de futricas, para viverem à tripa forra. Não inspiram a mínima confiança, porque são frágeis de caráter, mergulhados que estão no egocentrismo de suas paixões mesquinhas, de interesses inconfessáveis. Não têm platéias, visto que agem à sombra, e se às vezes aparecem, por força das circunstâncias, operam como verdadeiros histriões, como bobos da corte, tilintando os guizos na busca de agradar, de agradar sempre.

Alguns conseguem se equilibrar tanto que dificilmente caem. Mudam os governos e lá estão eles “pendurados” em bons cargos, querendo se dar ares de importância. Ou têm mais QI (quem indica) que os outros, ou os seus serviços são indispensáveis…

Mal uma administração está chegando ao fim e já estão eles se inclinando aos novos administradores, prestando serviços antes que os mesmos assumam, atendendo, assim, de igual modo, a dois senhores, o atual e o futuro chefe, num equilibrismo de “papagaios no arame”.

Esses equilibristas, embora sejam menosprezados pela maneira como agem, por incrível que pareça, são às vezes bajulados, porque, detendo cargos influentes, poderão prestar inúmeros favores…

Vestem-se bem. São coleantes e altamente prestativos quando podem tirar vantagens imediatas ou mediatas. Chegam a ter apologistas que dizem ser eles úteis a qualquer administração por sua “experiência”. Ledo engano, porém, visto que os males que causam com suas figuras peçonhentas, são bem maiores do que “os galhos que quebram”.

Tais fungos oportunistas, carregadores de pastas, iludem-se com as homenagens que recebem. Em verdade, são vítimas de gozações a todo instante, e de doestos, servindo de galhofa nas esferas em que atuam ou fora delas. Mas, como são subservientes por índole, nada enxergam à sua volta.

Há, portanto, um gigantesco abismo separando os heróis da minha infância, ou seja, os homens que ganham a vida arriscando a própria vida, dos equilibristas de outra ordem, que usam qualquer artifício para se manterem em evidência, pendurando-se nos cargos através de atividades mesquinhas e solertes.   

CIENTISTA POLÍTICO

Tudo no Brasil é uma questão de moda. Houve a época dos Bacharéis em Direito, dos Economistas e, agora, é a hora e a vez dos chamados Cientistas Políticos. Cada uma dessas categorias, tem o seu linguajar próprio.

 Formados em Direito, com as célebres citações latinas, com as frases de efeito, com a eloquência própria das lides tribunícias; economistas, com o seu economês indecifrável, somente do conhecimento dos “iniciados”; e os Cientistas Políticos, com as suas lucubrações, com os seus teoremas intrincados, querendo traçar o panorama do amanhã.

Os cientistas políticos, grosso modo, nada mais são do que adivinhadores do futuro. Falam como magister dixit induzindo as pessoas a pensar como eles, manifestando-se como catedráticos em uma coisa, vamos dizer, imponderável. Poucos apresentam pareceres com segurança.

Ora, como bem disse, certa feita, o sempre lembrado Dr. Armando Falcão, ex-Ministro da Justiça: “o futuro a Deus pertence”. E o que fazem alguns cientistas políticos senão observar, superficialmente, a conjuntura, para esboçar o quadro do futuro?

É por isto que muitas pessoas não dão a menor atenção quando são realizadas entrevistas com alguns dos chamados cientistas políticos. Consideram uma pura perda de tempo. Se as pessoas tivessem o poder de prever o futuro, não precisariam despender esforços para sobreviver. Bastava jogar na loteria e ficar rico para sempre.

Em política e em economia, tudo muda com uma velocidade vertiginosa. Um determinado estado de coisas, hoje, pode modificar-se amanhã, completamente, de acordo com as circunstâncias do momento. A política e a economia são dinâmicas por excelência e dependem muito do comportamento dos políticos e dos economistas de hoje, de amanhã e de sempre.

Assim sendo, esse cientificismo todo atribuído a alguns empertigados analistas políticos é mera ilusão. Eles não passam de observadores, como qualquer um de nós, que conheça um pouco de política e de economia.

ANIVERSÁRIO DA CIDADE DE MANAUS

No dia 24 de outubro próximo, Manaus, capital do Estado do Amazonas, completará 350 anos de existência.

    A bonita Manaus, encravada à margem esquerda do Rio Negro, é conhecida como “Cidade Sorriso”, graças à sua esplendorosa performance de urbe bem traçada, cheia de praças e lugares aprazíveis, que lhe dão um colorido todo especial.

    De fato, durante quase todo o ano, Manaus é sempre cheia de vida. O sol está presente, e até os poucos dias cinzentos, logo após a chuva, voltam a se tornar claros, pois o “astro rei” passa a dominar, trazendo consigo o sorriso, que é, assim, uma constante na vida da cidade.

    Quando falo em Manaus, lembro-me imediatamente da minha cidade quando tinha cerca de trezentos e cinquenta mil habitantes, tão aconchegante, tão maravilhosa, com ares de cidade provinciana, o que me deixa muito saudoso e triste.

    Como menino, vivi os tempos da Segunda Guerra Mundial. Noites de blecaute nos preparativos para enfrentar uma possível, ou imaginária, incursão inimiga pelo ar. Nesses momentos, nem sequer o rádio podia ser ligado, pois sua luz poderia ser indicação para algum ataque.

    Para se ouvir as notícias, tinha-se que cobrir o visor de onde saía a claridade, a fim de se cumprir as recomendações determinadas pelas autoridades competentes.

    Logo após o término da guerra, comecei a cursar o ginásio, passando a conhecer, em detalhes, toda a história do mundo contemporâneo, através de lições de eminentes professores, todos eles muito doutos, diga-se de passagem. Apreciava muito as aulas do prof. Manoel Octávio Rodrigues de Souza, já falecido, depois de uma profícua vida como professor e advogado.

    Acho que fui bom aluno de história, e tanto isto é verdade que, mais tarde, passei a lecionar a disciplina, com muito entusiasmo e zelo.

    Mas eu falava da Manaus do passado, com os seus 350.000 ou um pouco mais de habitantes. A diversão que se tinha era a leitura, pois Manaus perdera o seu esplendor do tempo áureo da borracha e enfrentava dias difíceis.

    Mas, para mim, tudo bem. Aproveitava o que a cidade oferecia, com sua vida pacata, sem sobressaltos, onde todos se conheciam e se respeitavam, sendo bem difícil acontecer crimes de morte. Era uma raridade mesmo.

    Nos fins de semana, os famosos balneários completavam a felicidade de quem morava na cidade. Igarapés de água fria e refrescante, límpida, que dava gosto de ver.

    Era um mundo encantado, cheio de sonhos e fantasias.

    À noite, o encontro alegre e saudável, de brincadeiras inocentes, com direito a recitar poesias, contar histórias fantásticas do folclore amazônico, e falar das visitas feitas a outros Estados da Federação, principalmente ao Rio de Janeiro, que sempre agradou a todos, por ser, então, a Capital da República, e por seus encantos, que a transformaram na chamada “Cidade Maravilhosa”.

    Quem retornava do Rio de Janeiro passava a ser o “rei do pedaço”. Todos ouviam com muita atenção as suas fantásticas histórias, entremeadas de verdades e de fantasias.

    Quando a noite já ia longe, as despedidas, com a certeza de que tudo continuaria como antes, no dia seguinte, pois a vida não mudava nunca na bela e querida Manaus.

    A cidade cresceu. Hoje já tem população estimada em mais de dois milhões de habitantes. Já é uma cidade grande, com todos os problemas daí decorrentes.    No entanto, cabe lembrar: Manaus continua bonita.