Manaus era cortada por igarapés de águas frias e cristalinas. Era um convite às famílias para se reunirem em convescotes aos finais de semana.
Havia os igarapés públicos, e os que passavam por terrenos pertencentes a particulares, e os pertencentes a clubes.
O mais importante dos igarapés públicos era o chamado Balneário do Parque 10 de Novembro. Mas existiam outros como o Igarapé da Ponte da Bolívia, o Igarapé do Tarumã, etc.
Era realmente maravilhoso tomar banho de igarapé, para se refrescar do clima senegalesco de Manaus. Nos balneários públicos havia uma certa disciplina, e as refeições eram servidas ao ar livre. Era uma verdadeira festa para os olhos e para os estômagos.
Depois que alguns anos na atividade de advogado, adquiri alguma fama e dinheiro e comprei um balneário que foi por mim intitulado Apolo XI, em homenagem à cápsula espacial, lançada no momento. Era um recanto muito agradável e bonito. Cheio de árvores frutíferas. Tinha, também, campos de vôlei e de futebol, o que animava ainda mais os seus frequentadores.
Vivíamos momentos felizes e inebriantes. A turma se reunia aos fins de semana, para almoçar principalmente peixes como o tambaqui, a sardinha, o tucunaré, curimatã, etc. Verdadeiros regabofes eram realizados com a chamada “tartarugada”, quando a pesca da tartaruga não estava proibida.
Com o crescimento da cidade, as construções foram aparecendo, e os igarapés paulatinamente foram ficando poluídos, até não servirem mais para os chamados “banhos” de fins de semana.
Cada vez os chamados balneários foram ficando mais distantes até desaparecerem para sempre, atingidos pela poluição.
O chamado progresso, como se sabe, vai embelezando artificialmente as cidades, aqui e ali, mas fazendo desaparecer as suas belezas naturais.
Manaus, outrora cidade dos Igarapés: eu recordo o teu passado com muito orgulho e tristeza!