ANIVERSÁRIO DO RC DO RIO DE JANEIRO

Hoje, 28 de fevereiro, é um dia festivo para o Rotary Club do Rio de Janeiro posto que, nesta data, o nosso Clube completa 100 anos de existência, visto que foi admitido oficialmente em RI no dia 28 de fevereiro de 1923, sendo o primeiro em língua portuguesa a integrar tão importante organização mundial.

O Rotary Club do Rio de Janeiro, meus companheiros, vem cumprindo galhardamente as suas funções,   dando prova de sua grandeza durante esses seus   100 anos de existência,  jamais se afastando das justas causas e  dos princípios éticos que regem as suas ações.

E, para festejar tão linda e grata efeméride, encontra-se entre nós a dinâmica Presidente do Rotary International, a companheira Jennifer Jones, figura extraordinária de  mulher que luta de maneira intimorata  pela presença  cada vez maior  do Rotary em todo o mundo. E, numa coincidência feliz, o Rotary Club do Rio de Janeiro também é presidido  por uma mulher, a competente   companheira Odete Henriques,  formando, assim,  uma dupla perfeita de altruísmo  e de valor inestimável para  RI.

Amanhã, no almoço que  será realizado no Iate Clube do Rio de Janeiro, brindaremos a grande data,  a qual se tornará inesquecível nos fastos históricos de Rotary Internacional.

Parabéns   ao Rotary Club do Rio de Janeiro,  em sua data maior!

O MILAGRE AMAZÔNICO

Para descansar dos muitos afazeres como Presidente da OAB/AM, pelos idos de 1970, resolvi realizar, com um amigo de peleja advocatícia, um passeio de barco, conduzido por um mestre em navegação pelos rios da Amazônia.

        Percorrer os rios da região é um refrigério para a alma, uma verdadeira bênção divina, dada a beleza da paisagem que enche a vista e nos causa deslumbramento a todo instante.

        A viagem já ia pelo meio tarde, e eu sentia uma fome danada, que me doía o estômago. Na pequena embarcação não havia nada para o almoço, mas o colega me disse que ficasse calmo, porque iríamos parar num recanto próximo onde encontraríamos o que comer.

        O tempo foi passando, e a fome, é claro, aumentando. Eu já estava um pouco nervoso, quando encostamos a embarcação num remanso, com uma casa de caboclo bem por perto.

        Saltamos da embarcação. Cumprimentamos os donos da casa com sua imensa filharada. Paramos para conversar e esperar a tão sonhada comida.

        Na casa não havia nada, a não ser raízes e farinha. Fiquei desolado.

        O dono da casa falou alto e bom som que dentro de mais ou menos uma hora o almoço seria servido. Pensei: esse cara está brincando; só se um milagre acontecer!

        Aí, ocorreu o milagre. Num laguinho onde se encontrava a casa (palafita) ele jogou a rede e logo tivemos tucunarés e outros peixes, em abundância.

        Que almoço maravilhoso. Que comidinha gostosa e cheirosa. Peixe fresco, apanhado na hora, é outra coisa.

        Qual a origem do “milagre”? Muito simples: quando o rio enche, transborda, e a chamada terra firme, é inundada. Então, quando vem a vazante, formam-se os lagos, e os peixes ficam como que em cativeiro. É só jogar a rede, e o milagre acontece.

        É o chamado milagre amazônico! A multiplicação dos pães ou, melhor dizendo, dos peixes.

O FUTEBOL NA MINHA INFÂNCIA E JUVENTUDE

Francamente eu nunca fui bom de futebol. Apreciava os amigos que jogavam bem, tentando imitá-los, mas a coisa não dava certo.  Eu, em verdade, tinha muito medo de ser atingido por um brutamontes e quebrar as canelas ou as costelas.

Davam-me sempre a   oportunidade para jogar mas, de preferência, na função de goleiro e, mesmo assim, eu não era um bom goleiro.

Mas eu levava uma grande vantagem sobre os demais membros do time, pois eu era o “dono da bola”, ou seja, a bola me pertencia, comprada com meu dinheiro. Eis o motivo de estar sempre participando das pelejas.

Ocorre que o campo era improvisado e ficava perto de casas residenciais. Aí o problema se agravava, pois de vez em quando as vidraças das janelas dessas casas eram quebradas, e a discussão tomava conta do jogo.

Acharam uma solução para o caso. O responsável pelos estragos seria o “dono da bola”, arcando com os prejuízos daí advindos.

Era uma dor de cabeça danada. Eu me vi, muitas vezes, em palpos de aranha. Tinha que amargar com os danos causados pela bola.

Aí, então, tomei uma decisão séria: não mais contribuí com a bola para que o jogo rolasse, tendo como consequência que nunca mais fui convidado para fazer parte do time.

Fiquei muito triste, mas foi a única maneira de me livrar dos tormentos causados pela bola.

Passei, então, a ser um espectador de futebol, ouvindo as narrações pelo Rádio.

Como gostava de ouvir as narrações esportivas no possante Philips Holandês, de válvulas, pertencente ao meu pai, e que era uma verdadeira maravilha da época de minha infância e juventude.

O nosso aparelho de rádio era fantástico. Eu ouvia com perfeição as Estações de Rádio do Rio, Recife, etc. e gostava dos jogos do Flamengo, vindo a ser o meu time preferido até hoje.

Foi nesse rádio de válvulas que ouvi os jogos da seleção brasileira de 1950 e a derrocada da mesma para a seleção do Uruguai.

Quanta choradeira na minha cidade. Parecia, até, que o mundo tinha vindo abaixo…


OS FAMOSOS BANHOS DE IGARAPÉ

Manaus era cortada por igarapés de águas frias e cristalinas. Era um convite às famílias para se reunirem em convescotes aos finais de semana.
Havia os igarapés públicos, e os que passavam por terrenos pertencentes a particulares, e os pertencentes a clubes.  

O mais importante dos igarapés públicos era o chamado Balneário do Parque 10 de Novembro. Mas existiam outros como o Igarapé da Ponte da Bolívia, o Igarapé do Tarumã, etc.

Era realmente maravilhoso tomar banho de igarapé, para se refrescar do clima senegalesco de Manaus. Nos balneários públicos havia uma certa disciplina, e as  refeições eram  servidas ao ar livre. Era uma verdadeira festa para os olhos e para os estômagos.

Depois que alguns anos na atividade de advogado, adquiri alguma fama e dinheiro e comprei um balneário que foi por mim intitulado Apolo XI, em homenagem à cápsula espacial, lançada no momento. Era um recanto muito agradável e bonito.  Cheio de árvores frutíferas. Tinha, também,   campos de vôlei e de futebol, o que animava ainda mais os seus frequentadores.

Vivíamos momentos felizes e inebriantes. A turma se reunia aos fins de semana, para almoçar principalmente peixes como o tambaqui, a sardinha, o tucunaré, curimatã, etc. Verdadeiros regabofes eram realizados com a chamada “tartarugada”, quando a pesca da tartaruga não estava proibida.

Com o crescimento da cidade, as construções  foram aparecendo, e os igarapés paulatinamente foram  ficando poluídos,  até não servirem mais para os chamados “banhos” de fins de semana.

Cada vez os chamados balneários foram  ficando mais distantes até desaparecerem para sempre, atingidos pela poluição.

O chamado progresso, como se sabe, vai embelezando artificialmente as cidades, aqui e ali, mas fazendo desaparecer as suas belezas naturais.

Manaus, outrora cidade dos Igarapés: eu recordo o teu passado com muito orgulho e tristeza!

CANUTAMA

Com o objetivo de apenas reciclar os meus conhecimentos jurídicos, na década de  sessenta do século passado, submeti-me ao concurso para Promotor Público do Estado do Amazonas, logrando obter  o primeiro lugar, com a maior média já alcançada no Ministério Público. Fui nomeado pelo Governador do Estado do Amazonas, dr. Arthur César Ferreira Reis, para Promotor do Município de Canutama, na região do Purus.

Como não pretendia ingressar no Ministério Público, visto que era Procurador da Antiga Superintendência da Zona Franca de Manaus, viajei até o Município de Canutama apenas para conhecer o lugar.

Canutama não tinha campo de pouso. Viajei, então, num avião anfíbio da VARIG. Depois de algumas horas, o avião amerissou no distante Município do Purus, e, aí, pude constatar a penúria e o abandono em que viviam os chamados  cidadãos hinterlandinos.

Ali, a comida era proveniente da caça de animais silvestres. Como eu não gostava desse tipo de comida, passei muitas privações no Município, posto que o avião passava uma vez por semana e isto não era certo, posto que às vezes não podia pousar, visto que as águas estavam muito revoltas. Aí, mais uma semana de espera.

Entre outras coisas, conheci, no interior do município, uma olaria que me deixou deveras atormentado. Leprosos ali trabalhavam e me faziam lembrar muito dos tempos bíblicos. A impressão era apavorante.

O certo é que aproveitei minha presença no município para conhecer de perto a realidade amazônica, tão bonita em sua diversidade, mas deveras assombrosa e inquietante a um habitante da chamada cidade grande, no caso, Manaus.