O FUTEBOL NA MINHA INFÂNCIA E JUVENTUDE

Francamente eu nunca fui bom de futebol. Apreciava os amigos que jogavam bem, tentando imitá-los, mas a coisa não dava certo.  Eu, em verdade, tinha muito medo de ser atingido por um brutamontes e quebrar as canelas ou as costelas.

Davam-me sempre a   oportunidade para jogar mas, de preferência, na função de goleiro e, mesmo assim, eu não era um bom goleiro.

Mas eu levava uma grande vantagem sobre os demais membros do time, pois eu era o “dono da bola”, ou seja, a bola me pertencia, comprada com meu dinheiro. Eis o motivo de estar sempre participando das pelejas.

Ocorre que o campo era improvisado e ficava perto de casas residenciais. Aí o problema se agravava, pois de vez em quando as vidraças das janelas dessas casas eram quebradas, e a discussão tomava conta do jogo.

Acharam uma solução para o caso. O responsável pelos estragos seria o “dono da bola”, arcando com os prejuízos daí advindos.

Era uma dor de cabeça danada. Eu me vi, muitas vezes, em palpos de aranha. Tinha que amargar com os danos causados pela bola.

Aí, então, tomei uma decisão séria: não mais contribuí com a bola para que o jogo rolasse, tendo como consequência que nunca mais fui convidado para fazer parte do time.

Fiquei muito triste, mas foi a única maneira de me livrar dos tormentos causados pela bola.

Passei, então, a ser um espectador de futebol, ouvindo as narrações pelo Rádio.

Como gostava de ouvir as narrações esportivas no possante Philips Holandês, de válvulas, pertencente ao meu pai, e que era uma verdadeira maravilha da época de minha infância e juventude.

O nosso aparelho de rádio era fantástico. Eu ouvia com perfeição as Estações de Rádio do Rio, Recife, etc. e gostava dos jogos do Flamengo, vindo a ser o meu time preferido até hoje.

Foi nesse rádio de válvulas que ouvi os jogos da seleção brasileira de 1950 e a derrocada da mesma para a seleção do Uruguai.

Quanta choradeira na minha cidade. Parecia, até, que o mundo tinha vindo abaixo…