SAUDADE

 O AMOR QUE FICA

Li, alhures, que um famoso médico oncologista visitava diariamente os seus pacientes para saber como iam os tratamentos ministrados aos mesmos.

Era de uma dedicação profunda, mantendo longas conversas com os doentes para conhecer melhor a personalidade de cada um deles.

Mas havia uma pessoa em especial. Era uma menina muito bonita, de seus 11 anos, mais ou menos, que estava muito doente e bastante debilitada.

O médico lhe dava conselhos alentadores, dizendo que o seu caso era difícil, mas que poderia ter uma melhora e até o desaparecimento da doença.

Ela lhe dizia amiúde: doutor sei que o meu caso não tem cura. Acho que vou morrer e deixar muita saudade em minha querida mãe.

O médico se esforçava para não mostrar fraqueza nesses momentos. Mas ficava muito desconfortável nas visitas que fazia à garota.

Em certa ocasião a garota lhe dissera: tenho muita pena de deixar a minha mãe. Ela é muito boa para mim e eu a amo muito. Sei que ela vai sentir muita saudade de mim.

O médico, então, com lágrimas nos olhos, perguntou-lhe o que ela entendia como saudade.

E a menina respondeu: Doutor, “saudade é o amor que fica”. Foi a   melhor definição   de saudade que ouviu na sua vida.

Poucos dias depois, a criança veio a falecer.