REEDUCAÇÃO: A PORTA DA SALVAÇÃO

Por Branca Amande Cavalcante

Sou uma saudosista do Rio educado em todos os sentidos. Ninguém falava aos gritos, não se batiam as portas dos apartamentos de maneira estrepitosa, todos atravessavam nas faixas e o trânsito era, realmente, de causar inveja a outras cidades. Era a admirável Capital Federal, culta, onde as tertúlias intelectuais eram uma constante entre os estudantes, acadêmicos e pessoas que se dedicavam às letras, artes, música, etc.

Os nascidos aqui no Rio, ou não, se submetiam às regras de educação. Mudou-se a Capital – uma idéia satânica jusceliniana. Houve o êxodo rural, a migração e tantos outros fatores que embruteceram o Rio de Janeiro, conflitando com tantas belezas naturais que fizeram desta cidade a chamada “Cidade Maravilhosa”.

O que houve? Produto da globalização ou falta de escolas para a maioria dos mal-educados? Nos restaurantes as pessoas, na sua maioria, gritam e comem ao mesmo tempo. O celular toca e o indivíduo (a) com a boca cheia (o ato de comer já é feio) grasnam, não conseguem engolir e nem falar. Muitas vezes babam e chegam a cuspir para a infelicidade dos vizinhos, chuveiradas de saliva ou algum resquício de comida. Principalmente no “self-service”, é  um Deus nos acuda!  

Velhos e novos não se respeitam. No metrô os jovens dormem ou fingem que dormem, usando os lugares destinados aos deficientes e pessoas idosas. Nos ônibus os motoristas “arrancam” quando vêem os idosos pedir para subir no transporte. Dentro dos elevadores as pessoas “conversam” com palavrões e mais palavrões, dos simples aos mais cabeludos. Para não falar com ninguém, entram nos elevadores quase de costas. Nas vias públicas quem puder que se defenda, se for possível!… Os ciclistas por cima das calçadas dirigem em alta velocidade na contramão, e fazem muito, com a boca, sim com a boca, chichichi, substituindo a buzina ou coisa parecida.

São raras as pessoas que pedem desculpas ou dizem obrigado. Os vendedores, nas lojas, recebem o cliente em potencial, com a cara feia, amarrada, como se já fossem ser assaltados. Os idosos estão cada vez mais intolerantes com os jovens e vice-versa. Medo? Pavor de assaltos? Tenho um amigo, psiquiatra de renome, que me declarou: entre dez pessoas oito têm transtornos psíquicos, chegando algumas à loucura. As duas outras são tidas como normais.

O que houve realmente com esta cidade extraordinariamente bela? A população cresceu e a educação desapareceu?

Os velhos e novos que voltem para as escolas de primeira ou de terceira idade.

Que seja reeducado o povo que, no passado, era prestativo, solidário, de fino trato.

Hoje em dia, de um modo geral, quando se fala em brasileiro em qualquer outro país é sinônimo de mal-educado, mau-caráter, desonesto e outros “elogios” desagradáveis.

Existe um desamor brutal entre as pessoas; cada uma olhando somente para o seu próprio umbigo. Mas quando é para aparecer na televisão, aí a coisa muda: apresenta-se como o povo mais solidário do mundo!… Como fica bonzinho na frente dos holofotes.

Cabe aqui finalizar com a frase de Albert Schweitzer (1875-1965), Prêmio Nobel da Paz em 1952 (médico, músico e filósofo alemão):  ”Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar o seu semelhante”.