TUDO VALE A PENA…

Logo que comecei minha atividade jornalística, às vezes me perguntava por que um cidadão de passado duvidoso, que todo mundo falava mal dele, jamais era esquecido pelos donos do poder. Pensava eu: se a pessoa é de maus costumes, por que era sempre lembrada?

 Era pura ingenuidade. O “cara” era lembrado porque era útil. Fazia o que muitos não queriam fazer. Era “indispensável” para determinados serviços.

Certa feita, um amigo me contou.: ele integrava a cúpula governamental e acompanhava a autoridade maior do Estado sempre que a ela se deslocava em suas andanças pela cidade. Havia, no meio dos acompanhantes, um cidadão que ocupava o cargo de assessor, com alto salário, e era conhecido por seu poder de bajular, de agradar sempre aos detentores do poder.

Numa caminhada, num domingo, pelos arredores do mercado público, a autoridade estava acompanhada por uma comitiva de ilustres americanos. Estes viram, por trás de imensas grades que cercavam o Mercado Municipal, uns bonitos chapéus de palha, reluzentes ao sol, coisas vistosas do artesanato indígena para gringo nenhum botar defeito.

Pois bem, alguns membros da comitiva manifestaram desejo de possuir os chapéus. Mas, não havia como, pois os vendedores tinham ido embora. Foi quando o assessor “bonzinho” teve uma ideia luminosa: pulou a grade, com grande dificuldade, é certo, apanhou os chapéus, deixou uma boa importância sobre a banca, para descaracterizar o crime, e os entregou à autoridade que ficou deveras admirada. Os americanos, obviamente, foram satisfeitos em seus desejos.

A autoridade, meio confusa, fez o seguinte comentário: “este cara é bom, resolve qualquer problema”!

É assim que muita gente se aguenta nos cargos. Faz coisas mirabolantes para agradar. E, como agrada. Não se importa com os riscos assumidos; os fins justificam os meios.

É certo que, com a impetuosidade, o assessor poderia ter ficado espetado nas setas das grades. Mas desafiou os riscos.

Parodiando o poeta, no caso relatado:  tudo vale a pena, se a recompensa não é pequena!

OS INGREDIENTES DA AMIZADE

Branca Amande Cavalcante

Quadro amazônico por mim pintado

Gosto de pintar quadros, assim como gosto de cozinhar. São, para mim, verdadeiros deleites espirituais. 

Por conseguinte, preparar um prato bem decorado, com arranjos, constitui-se em verdadeira terapia ocupacional. As sopas e cremes portugueses, a bacalhoada, em suas várias modalidades, e, principalmente, a cozinha árabe, atraem-me sobremaneira.

Ofereci a uma dileta amiga, outro dia, um creme de ervilha e uma comidinha árabe. Ela adorou, conforme me disse, e eu acreditei plenamente, porque sei que sua palavra é sempre sincera, pois conheço o seu caráter.

A amiga, ao devolver os recipientes que armazenaram a comida, disse-me que, conforme crendice popular, deveria fazê-lo colocando nos depósitos alguma “prenda”.

A maior prenda, no entanto, já estava depositada em meu coração, quando a amiga declarou, com sinceridade, que havia gostado muito das comidas que lhe mandei.

O ingrediente maior, a prenda de relevância que recebi  foi a manifestação de satisfação pela degustação das comidas que  mandei.

 Não há alimento maior, mais nutritivo, do que o que vem da alma, com os ingredientes da amizade, da sinceridade, da satisfação interior e, acima de tudo, da compreensão humana.

 A vida é uma dádiva de Deus. Saber vivê-la bem, é uma compensação para as agruras que nos são impostas no dia a dia.

O MILAGRE AMAZÔNICO

PALAFITA

Para descansar dos muitos afazeres como Presidente da OAB/AM, pelos idos de 1970, resolvi realizar, com um amigo de peleja advocatícia, um passeio de barco.

        Percorrer os rios da região é um refrigério para a alma, uma verdadeira bênção divina, dada a beleza da paisagem que enche a vista e nos causa deslumbramento a todo instante.

        A viagem já ia pelo meio tarde, e eu sentia uma fome danada, que me doía o estômago. Na pequena embarcação não havia nada para o almoço, mas o colega me disse que ficasse calmo, porque iríamos parar num recanto próximo onde encontraríamos o que comer.

        O tempo foi passando, e a fome, é claro, aumentando. Eu já estava um pouco nervoso, quando encostamos a embarcação num remanso, com uma casa de caboclo bem por perto.

        Saltamos da embarcação. Cumprimentamos os donos da casa com sua filharada. Paramos para conversar e esperar a tão sonhada comida.

        Na casa não havia nada, a não ser raízes e farinha. Fiquei desolado.

        O dono da casa falou alto e bom som que dentro de mais ou menos uma hora o almoço seria servido. Pensei: esse cara está brincando; só se um milagre acontecer!

        Aí, ocorreu o milagre. Num laguinho onde se encontrava a casa (palafita) ele jogou a rede e logo tivemos tucunarés e outros peixes, em abundância.

        Que almoço maravilhoso. Que comidinha gostosa e cheirosa. Peixe fresco, apanhado na hora, é outra coisa.

        Qual a origem do “milagre”? Muito simples: quando o rio enche, transborda, e a chamada terra firme, é inundada. Então, quando vem a vazante, formam-se os lagos, e os peixes ficam como que em cativeiro. É só jogar a rede, e o milagre acontece.

        É o chamado milagre amazônico! A multiplicação dos peixes.

O RITO MODERNO OU FRANCÊS

As origens da Maçonaria remontam às  brumas do passado. 

Para muitos, as práticas maçônicas são antiquíssimas, daí a lenda de Hiran Abiff, conhecida como Lenda do Terceiro Grau.  Porém, a Maçonaria, tal como a conhecemos hoje foi fundada em 24 de junho de 1717, em Londres.

A  Maçonaria Brasileira teve origem no princípio do século XIX, sendo a primeira loja fundada em 1802, pelo botânico Manoel Arruda Câmara, com o nome de Areópago de Itambé.

A Maçonaria é eminentemente ritualística. Os ritos representam os métodos utilizados para transmitir ensinamentos e organizar cerimônias maçônicas.

Em nosso país são praticados os seguintes ritos: Escocês Antigo e Aceito, York, Shröder, Moderno, Brasileiro e Adonhiramita. 

A nossa Loja, União e Tranquilidade, a Segunda da Ordem,  adota o Rio Moderno, sendo  a  Primaz deste Rito.

O Rito Moderno, também conhecido como Rito Francês, nasceu para simplicar a ritualística  maçônica, tornanda-a mais ágil e, como o nome indica, moderna.

Referido Rito, acredita essencialmente no homem, com sua capacidade de discernir, de raciocinar, de trabalhar para o bem-estar social e econômico, de defender os direitos de cada cidadão,  em toda a sua inteireza.

Não indaga a que credo pertence o postulante ao ingressar na Maçonaria, posto que toda pessoa vive sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus.

O Rito Moderno crê, integralmente, no ser humano, no seu livre arbítrio, não exigindo que o mesmo professe uma religião, mas que seja capaz de direitos e deveres, respeitando o seu semelhante e com o mesmo convivendo, harmoniosamente, seja qual for o credo que professe.

A maçonaria, como se sabe, é composta por Graus Simbólicos e Filosóficos.

A constituição dos três primeiros graus é obrigatória e está prevista nos landmarks da Ordem. São os graus de Aprendiz, de Companheiro e de Mestre.

O trabalho realizado nos graus ditos “superiores” ou filosóficos é optativo, e vai depender do maçom, na busca do seu aperfeiçoamento intelectual e filosófico.

Existem diversos sistemas de graus superiores, como o de 33 graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, o de 13 graus do Rito de York, o de 7 graus do Rito Moderno.

ORito Moderno ou Francês nasceu com três graus simbólicos: lº Grau – Aprendiz; 2º Grau – Companheiro; e 3º Grau – Mestre, sendo solenemente instalado no dia 22 de outubro de 1773.  Somente mais tarde, ou seja, em 1786,  é que surgiram os  Graus Filosóficos: 1ª. Ordem – 4º Grau – Eleito; 2ª. Ordem – 5º Grau – Eleito Escocês; 3ª. Ordem – 6º  Grau – Cavaleiro do Oriente ou da Espada;  4ª. Orddem – 7º Grau – Cavaleiro Rosa-Cruz.

        No Brasil o Rito Moderno está organizado em 9 graus, havendo sido acrescentada a 5ª. Ordem, com o 8º Grau – Cavaleiro da Águia Branca e Preta, Cavaleiro Kadosh; e 9º Grau – Cavaleiro da Sapiência – Grande Inspetor do Rito.

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A VISÃO DE UM ESTADISTA

Para amar a Amazônia a pessoa nela deve viver o seu dia a dia, penetrar em suas entranhas, defendê-la contra a cobiça internacional, lutar pelo aproveitamento racional de suas riquezas para, em futuro próximo, vê-la cada vez mais próspera e pujante, servindo ao Brasil; ou, então, ser um patriota convicto, e acreditar  na Amazônia como sendo a solução dos problemas econômicos do nosso país.

A Amazônia sempre se constituiu em campo fértil para profundas meditações, para histórias fantásticas sobre os seus mitos e as suas lendas, sua fauna e sua flora.

Muito já se escreveu sobre a Região havendo, assim, abundante literatura, não raro fantasiosa, a respeito daquele imenso pedaço do Brasil que há despertado a atenção do mundo, sob os mais variados enfoques.

No passado, constituía-se verdadeiro castigo ir para a Amazônia, em face da falta de condições existentes na Região, o que representava sofrimento e desconforto.

A escassez de comunicações era tão grande, que levava a pessoa a encarar o deslocamento para a Amazônia como um verdadeiro degredo, principalmente na chamada Amazônia Ocidental aonde o progresso chegou mais atrasado do que na Amazônia Oriental.

Os tempos, porém, mudaram. E isto se deveu ao descortino de um homem que percorreu amiúde o setentrião pátrio, em sua nobre missão de soldado, que foi o inesquecível Marechal Humberto de Alencar Castello Branco. Profundo conhecedor da região, sentindo na alma e no coração as agruras de seus problemas, da falta de condições para o seu desenvolvimento e para a sua integração definitiva aos centros mais adiantados do Brasil, aquele grande brasileiro, na qualidade de Presidente da República, resolveu sacudir a Amazônia Ocidental de seu sono letárgico, criando a nova Zona Franca de Manaus, da qual tive a honra de ser o seu primeiro Superintendente, entidade esta destinada a promover o desenvolvimento sócio-econômico daquela parte da Amazônia Brasileira.

As resistências à Zona Franca se fizeram sentir de imediato, não apenas por brasileiros de outras regiões, mas, para minha decepção, da parte de alguns brasileiros da própria área beneficiada. Eram mentalidades retrógradas, de verdadeiros beócios, sem senso de brasilidade, que evidenciavam incapacidade, inveja, além de interesses recônditos e inconfessáveis. 

Beneficiada com a Zona Franca, a Amazônia Ocidental começou a se expandir, com a consequente melhoria das condições de vida de seus habitantes. Aquela imagem negativa foi sendo apagada, dando lugar a que muitos brasileiros fizessem questão de ir para Manaus e para outros pontos da AO, para se beneficiarem do seu desenvolvimento.