O MEU ANJO DA GUARDA
Chegamos ao fim do ano. Sinto muita tristeza, pois foi nesse período festivo que faleceu a querida Amelinha, faz várias décadas.
Penso que todos nós na vida contamos sempre com um Anjo da Guarda.
No meu caso, chamava-se carinhosamente de Amelinha, uma espécie de governanta de nossa casa.
Minha mãe, professora normalista, tinha dois expedientes na escola onde lecionava, e foi Diretora, e, meu pai, cumpria dois expedientes no Quartel do Exército (Vigésimo Sétimo Batalhão de Caçadores). Restava, então, para a Amélia, carinhosamente chamada de Amelinha, a vigilância da casa.
Amelinha era uma pessoa maravilhosa. Parece que gostava mais de mim e de minha irmã Maria das Graças, que éramos os últimos dos seis filhos do casal Souza Cavalcante.
Como a Amelinha me defendia com fúria inusitada dos meus colegas de infância, que tinham uma certa prevenção contra mim, por ser eu muito estudioso (modéstia à parte)! Também me defendia das investidas do meu pai.
Amelinha brandia sempre sua espada em minha defesa. Parecia uma fera quando me via em apuros.
Era uma alma maravilhosa. De uma integridade de caráter fora do comum. Era bonita. Não possuía escolaridade, mas muita experiência de vida.
Era voltada inteiramente para a nossa casa, sendo considerada uma verdadeira pessoa da família. Não tinha namorado, posto que sofrera uma desilusão amorosa.
Morreu, ainda, com pouca idade. Mascava muito tabaco de corda.
O falecimento prematuro da Amelinha, até hoje, me causa grande tristeza, principalmente nesses momentos de fim de ano.