A SEDUÇÃO DO PODER

Nada há de mais sedutor do que o poder, para muita gente.  Ele modifica a pessoa de tal maneira que a torna irreconhecível; transforma hábitos, comportamentos, maneiras e atitudes.

É célebre a frase que diz que o poder é afrodisíaco. Transforma uma pessoa acabrunhada numa pessoa desenvolta, envolvente e, por incrível que pareça, também sedutora para o mundo feminino.

Um conhecido político, que já havia ganho tantas pelejas eleitorais, perdeu uma eleição e ficou sem mandato. Entrevistado, disse que se sentia amargurado, triste, abandonado. Sentia a falta das pessoas que o cercavam, das atenções que lhe dispensavam, dos elogios, das demonstrações de carinho, etc.  A perda do mandato foi a perda de uma parte de si mesmo.

É preciso que a pessoa possua muita personalidade para não se deixar envolver por tudo isso. São raros os que não se deixam empolgar pelo poder.

Um conhecido meu me confidenciou que era muito amigo de um determinado cidadão que venceu na política, se elegeu parlamentar e se transformou, depois, em Ministro. Certa vez, ao encontrá-lo, tratou-o com a intimidade que os irmanava, chamando-o pelo nome. Foi repreendido: você esqueceu que agora eu sou Ministro?

Tudo na vida é passageiro. Ninguém vai ficar para semente neste mundo de meu Deus. A glória é fugaz. O poder é fugaz. A vida é fugaz. Todos os considerados grandes viraram pó.

Lembro-me bem do que disse, certa feita,  o douto  advogado, meu amigo, dr. Carlos de Araújo Lima, já falecido: nós devíamos visitar o cemitério com frequência, para melhor conhecermos o lugar para onde definitivamente iremos.