UM POVO SEM MEMÓRIA

Anos atrás, conversei com uma pessoa inteligente numa fila de banco. O homem falava de uma maneira enfática sobre a perda da memória do nosso passado, principalmente dos acontecimentos da Segunda Grande Guerra Mundial quando os nossos pracinhas foram chamados a combater em inóspitas terras italianas contra as Forças do Eixo.

Compreendi, de logo, que se tratava de uma pessoa que conhecia bem os fatos, com uma precisão absoluta, daí porque lhe indaguei se ele era pracinha. A resposta foi afirmativa e veio acompanhada da prova, através da apresentação da sua carteira de ex-combatente. Falou-me, então, do seu tempo como partícipe do grande acontecimento mundial que ceifou dezenas de milhões de vidas.

Tomei conhecimento que hoje os pracinhas estão completamente esquecidos. Até bem pouco tempo, tinham onde expor os seus troféus, as suas conquistas; hoje, já não têm sede, ficando o seu acervo conservado sabe-se se lá como, pois foram despejados do imóvel que ocupavam na Rua das Marrecas, no centro do Rio de Janeiro.

Como um país assim pode cuidar do seu passado, da sua história, se não dá a mínima atenção para os seus heróis, para o acervo que armazenaram durante o tempo em que estiveram em luta, em defesa da Democracia?

Segundo me falou esse ex-combatente, os nossos queridos pracinhas não mais estão autorizados nem a desfilar no 7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil.  Ao me falar isso, olhei para o seu rosto, e vi uma tristeza profunda, uma mágoa imensa, estando os seus olhos marejados.

A verdade é que um povo não poderá respeitar os seus valores culturais se não preservar o acervo deixado por seus antepassados, se desprezar o mesmo. Todo acervo acumulado, deve ser bem guardado, preservado, para que possa resistir ao passar do tempo.

Ninguém faz história sem resguardar o passado. É preciso, assim, respeitar o nosso patrimônio histórico; do contrário, seremos sempre um povo sem memória!