ANIVERSÁRIO DA CIDADE DE MANAUS

No dia 24 de outubro próximo, Manaus, capital do Estado do Amazonas, completará 350 anos de existência.

    A bonita Manaus, encravada à margem esquerda do Rio Negro, é conhecida como “Cidade Sorriso”, graças à sua esplendorosa performance de urbe bem traçada, cheia de praças e lugares aprazíveis, que lhe dão um colorido todo especial.

    De fato, durante quase todo o ano, Manaus é sempre cheia de vida. O sol está presente, e até os poucos dias cinzentos, logo após a chuva, voltam a se tornar claros, pois o “astro rei” passa a dominar, trazendo consigo o sorriso, que é, assim, uma constante na vida da cidade.

    Quando falo em Manaus, lembro-me imediatamente da minha cidade quando tinha cerca de trezentos e cinquenta mil habitantes, tão aconchegante, tão maravilhosa, com ares de cidade provinciana, o que me deixa muito saudoso e triste.

    Como menino, vivi os tempos da Segunda Guerra Mundial. Noites de blecaute nos preparativos para enfrentar uma possível, ou imaginária, incursão inimiga pelo ar. Nesses momentos, nem sequer o rádio podia ser ligado, pois sua luz poderia ser indicação para algum ataque.

    Para se ouvir as notícias, tinha-se que cobrir o visor de onde saía a claridade, a fim de se cumprir as recomendações determinadas pelas autoridades competentes.

    Logo após o término da guerra, comecei a cursar o ginásio, passando a conhecer, em detalhes, toda a história do mundo contemporâneo, através de lições de eminentes professores, todos eles muito doutos, diga-se de passagem. Apreciava muito as aulas do prof. Manoel Octávio Rodrigues de Souza, já falecido, depois de uma profícua vida como professor e advogado.

    Acho que fui bom aluno de história, e tanto isto é verdade que, mais tarde, passei a lecionar a disciplina, com muito entusiasmo e zelo.

    Mas eu falava da Manaus do passado, com os seus 350.000 ou um pouco mais de habitantes. A diversão que se tinha era a leitura, pois Manaus perdera o seu esplendor do tempo áureo da borracha e enfrentava dias difíceis.

    Mas, para mim, tudo bem. Aproveitava o que a cidade oferecia, com sua vida pacata, sem sobressaltos, onde todos se conheciam e se respeitavam, sendo bem difícil acontecer crimes de morte. Era uma raridade mesmo.

    Nos fins de semana, os famosos balneários completavam a felicidade de quem morava na cidade. Igarapés de água fria e refrescante, límpida, que dava gosto de ver.

    Era um mundo encantado, cheio de sonhos e fantasias.

    À noite, o encontro alegre e saudável, de brincadeiras inocentes, com direito a recitar poesias, contar histórias fantásticas do folclore amazônico, e falar das visitas feitas a outros Estados da Federação, principalmente ao Rio de Janeiro, que sempre agradou a todos, por ser, então, a Capital da República, e por seus encantos, que a transformaram na chamada “Cidade Maravilhosa”.

    Quem retornava do Rio de Janeiro passava a ser o “rei do pedaço”. Todos ouviam com muita atenção as suas fantásticas histórias, entremeadas de verdades e de fantasias.

    Quando a noite já ia longe, as despedidas, com a certeza de que tudo continuaria como antes, no dia seguinte, pois a vida não mudava nunca na bela e querida Manaus.

    A cidade cresceu. Hoje já tem população estimada em mais de dois milhões de habitantes. Já é uma cidade grande, com todos os problemas daí decorrentes.    No entanto, cabe lembrar: Manaus continua bonita.